Por: Ane Caroline Janiro
E ontem foi dia de evento em Campinas-SP: “Comemorações de 11/11 – Dia Municipal de Enfrentamento à Medicalização da Educação e da Vida.”
Durante esta semana foram realizados alguns eventos com o pessoal do Despatologiza – Movimento pela Despatologização da Vida e com o apoio do médico sanitarista e vereador de Campinas, Pedro Tourinho, também autor da Lei do Dia Municipal de Enfrentamento da Medicalização da Vida.
Ontem foi dia de palestra na Câmara Municipal da cidade com a psicóloga e professora da Faculdade de Educação da USP, C. Biancha Angelucci, que abordou o tema “Políticas Publicas e Patologização da Vida”. A mesa também contou com a participação do vereador Tourinho e da pediatra e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Maria Aparecida Moyses.
Um dos pontos centrais da palestra foi trazer o conceito de centralizarmos o ser humano em todos os processos, discussões e políticas públicas. Quando colocamos indivíduo e suas necessidades particulares no centro de tudo, passamos a respeitá-lo e deixamos de lado a ideia de que o outro precisa ser corrigido, medicalizado, consertado. As lutas relacionadas às Políticas Públicas então, devem sempre levar o lado “humano” em conta. Se estamos lutando pelo ser humano, devemos ouvi-lo antes de tudo.
As políticas públicas sempre são originadas de um processo conflituoso, de lutas, que nunca se findam. Sendo assim, lutarmos por melhores condições de atendimento e de trabalho enquanto profissionais da saúde e da educação, é sinônimo de reumanização.
Biancha também tratou de pontos como os limites para a manipulação da vida, ou seja, até onde é ético interferir na vida do outro no sentido de corrigir, de “curar” aquilo que talvez não tenha a necessidade de ser “curado”. E tratou dos fatores que impedem o funcionamento da ética e das políticas. Citou especialmente a violência como este fator de impedimento e, violência neste sentido específico, como significado de reduzir o ser humano à condição de “coisa”. Por exemplo: quando vejo o indivíduo como “o autista”, “o Down”, “o dependente químico”, eu o coisifico, deixo de vê-lo como humano em suas particularidades e faço com que ele seja apenas uma classificação, uma coisa. Esta ação então nos impede de centralizarmos o humano, como dito no início e lutarmos de forma ética por políticas públicas que atendam adequadamente nossas necessidades.
A palestra foi finalizada com uma frase de Marilena Chauí: “O ideal ético da visibilidade só pode se realizar na prática política da democracia. E vice-versa.”
Na foto: Pedro Tourinho, Maria Aparecida Moyses, C. Biancha Angelucci e Ane Caroline Janiro (do blog Psicologia Acessível).
Links:
Despatologiza – Movimento pela Despatologização da Vida
CRP SP (Conselho Regional de Psicologia de São Paulo)
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Sobre a autora:
Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, idealizadora e editora deste blog.
CRP: 06/119556