Por: Psicóloga Ane Caroline Janiro
Já falamos há algum tempo atrás aqui no blog a respeito da importância do acompanhamento Psicológico na Gravidez (leia aqui).
É normal que durante a gravidez muitos fatores emocionais estejam envolvidos e também é comum que muitos medos permeiem a cabeça das futuras mamães e também da família como um todo.
Alguns desses medos estão relacionados com a apreensão em relação à saúde do bebê que está se formando, com o curso da gestação em si e até mesmo com a expectativa de “ser uma boa mãe”, de saber cuidar bem do bebê, entre outros. Por este motivo, o acompanhamento psicológico pode ajudar e muito neste processo de mudanças e adaptações.
Outros medos bem comuns são em relação ao parto: “Será que vai doer muito?”, “E se meu parto não ocorrer da forma como eu desejo?”, “E se eu não tiver todo o apoio necessário para este momento?”. Estes são questionamentos frequentes entre as gestantes e devem ser levados em conta pelos profissionais que realizam o acompanhamento pré-natal, inclusive os psicólogos, que cada vez mais tem estado presentes também neste momento (claro que ainda estamos muito distantes do ideal, onde o psicólogo, além de realizar todo o acompanhamento pré-natal, poderia estar presente também na sala de parto – o que já é realidade na minoria dos casos).
A Psicologia se insere então neste contexto com o termo “Psicologia Perinatal”, um “campo de estudos sobre o psiquismo da gestante, da parturiente e da puérpera” (IACONELLI, 2012).
O psicólogo deve levar em conta que, para cada mulher e cada família, a experiência da gestação é única e muito particular, assim como o momento do parto e também pós-parto.
“O papel do psicólogo na maternidade é propiciar um espaço de escuta para que a família possa nomear e atribuir significados àquela situação. A importância deste lugar de escuta deve ultrapassar as fronteiras do contexto hospitalar, os serviços psicológicos e sociais devem facilitar o caminho para que as mulheres possam pedir ajuda para lidar com os fragmentos, “buracos” segundo Szejer e Stewart (1997) da história de cada gestação e maternagem.” (IACONELLI, 2012)
Outras questões ainda muito relevantes serão consideradas pelo psicólogo que assiste este momento, como o eventual nascimento de um bebê com deficiências, nascimento prematuro, envolvimento emocional da família, o vínculo da gestante com o bebê, as dúvidas e dificuldades que surgirão após o parto, a idealização em contraste com a realidade da gestação, do parto e pós-parto.
Esta idealização é construída socialmente muitas vezes pelo mito de que toda mulher deve ser mãe e de que a gravidez é um período maravilhoso, o que em vários casos não é real. Como já citado, essa experiência é muito particular para cada mulher e é preciso que aquelas mulheres que não consigam engravidar ou que tenham experiências negativas com suas gestações sejam igualmente ouvidas e compreendidas com naturalidade, sem julgamentos ou pré-conceitos que reforcem sentimentos de culpa desnecessários.
Novamente, o papel do psicólogo perinatal se faz importante, auxiliando a mulher a lidar com estes contextos e reconhecendo seus sentimentos de forma legítima. Além de considerar que nem todo quadro apresentado pela mulher será necessariamente patológico, muitas vezes a questão é a adaptação ao novo momento, às dificuldades e, de novo, a desconstrução de uma idealização para que ela possa lidar com a realidade da maternidade.
“É preciso ficar atento, entretanto, pois na grande maioria das situações, estes processos não são patológicos, nem sempre há diagnósticos a serem feitos, nem sempre há uma depressão pós-parto ou uma rejeição ao bebê. Na maioria dos atendimentos o que assistimos é um reajustamento psíquico frente uma mudança no campo de relações afetivas daquela mulher ou família.” (FORTES, 2012).
Voltaremos a falar sobre o tema por aqui!
Referências:
IACONELLI, V, O que é psicologia perinatal: definição de um campo de estudo e atuação, Área de Estudos do Instituto Brasileiro de Psicologia Perinatal, 2012, disponível em http://www.institutogerar.com.br/
FORTES, R. C. A ESCUTA CLÍNICA NA MATERNIDADE: O importante papel do psicólogo, 2012, disponível em http://www.institutogerar.com.br/
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Sobre a autora:
Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, idealizadora e editora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556
Indicação ao Prêmio Dardos.
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