Por: Psicóloga Ane Caroline Janiro
Muitas pessoas tem dificuldades em se desapegar de objetos. Existem casas que possuem um cômodo destinado exclusivamente para o acúmulo de “tralhas”, o chamado “quartinho da bagunça”. Mas será que isso é saudável? A partir de que momento guardar coisas pode ser considerado um exagero, pode atrapalhar a nossa vida?
Acumular objetos desnecessários não é algo saudável, há teorias inclusive que associam a bagunça do ambiente ao estado emocional e ao comportamento do indivíduo. O fato é que é muito difícil que uma pessoa seja produtiva e emocionalmente saudável quando vive em um ambiente caótico, onde falta organização e limpeza. Ainda, a dificuldade em se desapegar de objetos está muito relacionada com a dificuldade do desapego de situações, pessoas, pensamentos e sentimentos que geram angústia e sofrimento.
“Destralhar” é um exercício que deve ser feito com regularidade: eliminar roupas velhas, ou mesmo as novas que já não se usa há muito tempo, objetos quebrados, livros que já foram lidos ou que se sabe que não serão, revistas, jornais, brinquedos, alimentos vencidos na despensa… Quanto menos coisas houver no ambiente, mais fácil será a organização e, consequentemente, maior o bem-estar que ele pode proporcionar.
Mas, quando é possível considerar que estamos acumulando itens exageradamente?
Podemos dizer que o “exagero” existe quando há sofrimento e prejuízos, sejam eles financeiros, emocionais, sociais. Por exemplo, por conta do acúmulo de objetos, sente-se vergonha em receber visitas (ou não há realmente a possibilidade de recebe-las pela quantidade de objetos no ambiente), passa-se a ter cada vez menos convívio social já que não há mais vontade de sair de casa, gasta-se dinheiro descontroladamente para comprar objetos que serão acumulados, familiares brigam e insistem constantemente para que o ambiente seja limpo e os itens sejam descartados.
Além disso, podemos notar que a situação saiu do controle quando há sofrimento e incapacidade em se desfazer dos itens.
As pessoas que acumulam compulsivamente acreditam que os objetos acumulados são capazes de suprir suas necessidades emocionais, por isso se apegam tanto a essas coisas.
A Acumulação Compulsiva é um quadro ligado ao TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo e para ser diagnosticada corretamente, necessita de uma cuidadosa análise e avaliação profissional, pois pode não ser o mesmo que um acúmulo de certo objeto, como ocorre com colecionadores. O ideal é que, ao se notar as dificuldades e sofrimentos citados acima, um profissional seja consultado.
Entretanto, muitas pessoas que acumulam excessivamente não se dão conta que este hábito se trata de um transtorno e não tem plena consciência da situação em que se encontram, chegando inclusive, em casos mais graves, a se isolar completamente e abandonam até mesmo os cuidados pessoais e de higiene. Há casos em que mesmo tendo a consciência da situação ou do prejuízo que o acúmulo compulsivo tem causado, a pessoa acredita que a sensação de acolhimento e conforto gerada pelos objetos que acumula é muito maior e não quer se livrar deste sentimento. Por isso é importante que as pessoas mais próximas fiquem atentas e ajudem a buscar o apoio psicológico necessário.
São diversos os motivos que podem levar uma pessoa a acumular itens de forma exagerada: depressão, separações, perdas, traumas e outros. O profissional também ajudará neste sentido: identificar as causas que levaram a pessoa a desenvolver este quadro e adotar as estratégias adequadas para lidar com o problema.
Leia mais sobre Acumulação Compulsiva no link:
Acumuladores: quais os sinais da acumulação compulsiva?
Sobre a autora:
Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556
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