Por: Psicóloga Ane Caroline Janiro
É interessante observar que as pessoas podem reagir de forma bem diferente às mesmas situações. Há quem encare o fim de um relacionamento, por exemplo, como algo desastroso a ponto de sofrer até mesmo sintomas físicos. Por outro lado, há pessoas que conseguem olhar para este momento de decepção como passageiro, sem perder a fé nos relacionamentos ou se deprimir. Outro exemplo bem ilustrativo também é a perda de um emprego, que é realmente um episódio ruim e, de certa forma, desesperador. Entretanto, apesar do sofrimento existente, algumas pessoas não enxergam a situação como um fim e conseguem se sentir motivadas mesmo perante um cenário pouco favorável, diferente de indivíduos que na mesma situação se afligem de forma intensa e paralisante.
Como é possível que pessoas reajam de formas tão distintas aos mesmos acontecimentos?
Bem, a nossa reação a uma circunstância é formada a partir de experiências e aprendizados passados, ou seja, são geralmente construídos ao longo de nossa história e essa nossa forma de reagir está relacionada aos nossos sentimentos e pensamentos acerca de determinados fatos ou pessoas (o que inclui a nós mesmos). Quando algo que frustra as nossas expectativas acontece, naturalmente iremos trazer à tona pensamentos automáticos que irão gerar os sentimentos e assim reagiremos de determinada forma.
Se uma pessoa construiu ao longo de vida a seguinte crença, por exemplo: “não faço nada certo”/”não sou bom(boa) o suficiente”, ao passar por uma situação ruim, como perder o emprego, logo esses pensamentos virão à tona, gerando frustração, raiva ou tristeza. É claro que é um exemplo bem didático no qual poderíamos nos aprofundar bastante na discussão. Mas há pensamentos e crenças construídas por nós e que são desencadeadas frente às mais diversas situações onde temos o nosso desejo frustrado, é por isso que algumas pessoas lidam tão naturalmente com o atraso do avião e outras o veem como o fim do mundo. Porque cada um tem um histórico diferente de vivências e crenças que lhe gera pensamentos e sentimentos específicos.
O que acontece na realidade é que pessoas vivenciam experiências ruins todos os dias, em toda parte do mundo. É evidente que alguns sofrimentos são inevitáveis e a dor de cada indivíduo deve ser respeitada e acolhida. Sendo assim, não podemos desprezar a dor do outro pelo simples fato de não conseguirmos compreendê-la, já que “eu no lugar dele não sofreria tanto com isso”, pois cada um carrega uma “bagagem”, cada pessoa sofre diferente porque carrega aprendizados e vivências diferentes.
Algumas pessoas tiveram suas “crenças” e “valores”, digamos, estruturadas ao longo de sua vida de forma mais saudável, outras nem tanto. Outras pessoas, apesar de terem sofrido por muito tempo com a falta de assertividade ou com reações intensamente negativas diante das circunstâncias, conseguiram “desconstruir” esses pensamentos automáticos por meio do autoconhecimento.
É aí que entra a psicoterapia. Um momento onde será possível “corrigir” essas crenças sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre as situações que foram formadas de maneira equivocada. Reconhecer que esses pensamentos automáticos ocorrem é o primeiro passo. O segundo é trabalhar de maneira a modifica-los para uma saúde mental melhor, uma vida mais assertiva e com menor sofrimento, já que o “sofrer” depende muitas vezes de nossas reações diante dos acontecimentos e não do fato em si.
Sobre a autora:
Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, Fundadora e Administradora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556
*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.
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O texto é muito excelente porque objetiva compreensão e (re)conhecimento a respeito da reação de pessoas às circunstâncias inevitáveis. Às vezes, elas ainda estão prontas ou não para lidar com os imprevistos e previstos acontecimentos. Sendo assim, essas circunstâncias implicam maturidade com que as pessoas aprendam a enfrentar os desafios. No entanto, elas tem fé na crença, conseguindo superar essas situações e sofrimentos incuráveis. E todo o mundo sabe que é preciso aprender com erros, porque, ao já aprendermos com os erros, podemos conseguir bom resultado. E mas se perde pessoa, a dor incurável de outra deve ser respeitada e compreendida, porque ninguém sabe o que ela sente quando perdê-la. Por isso, devemos reconhecer algumas mudanças no comportamento psicológico de pessoas que reagem de forma diferente, quando elas perder emprego, o namoro chegar ao fim, divorciar, perder filhos, familiares, assim por diante. Existe algumas pessoas que sentem o medo de estar vulnerável às situações como por exemplo, acidentes, mortes, furtos, homicídios. Por isso, elas preferem a ficar na casa o dia inteiro a passar pra fora. Concluindo-se que é importante que devamos reconhecer a reação de pessoas forma diferente às situações e respeitar dor e sofrimentos dessas pessoas.
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Concordo plenamente com o depoimento anterior.
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