Por: Psicóloga Magali Catelan
Em plena crise financeira, tornou-se cada vez mais difícil contratar um cuidador profissional. Por isso, hoje os familiares não se permitem um cuidador profissional, pode ser por questões culturais, ou por não admitirem o idoso num local que não a casa de um familiar. Esta situação tem se tornado cada vez mais comum, e cada vez mais cuidadores afetivos têm surgido.
O que é um Cuidador Afetivo?
Primeiro, vamos entender como, na maioria das vezes, “nasce” um cuidador afetivo. Começa como uma manifestação de AFETO, passa por uma sensação de DEVER, e depois de OBRIGAÇÃO, mas nem sempre nesta ordem. Nota-se que, muitas vezes, o cuidador não toma a decisão de cuidar, mas é definido por exclusão: uma filha solteira, um filho em melhor situação financeira, uma nora que não tem os pais e outros casos menos frequentes. Outro fator agravante da situação é quanto maior a convivência do cuidador afetivo com o idoso (por exemplo, morando juntos na mesma residência), mais os demais familiares se isentam da responsabilidade. Você já deve ter ouvido a célebre frase: “Ligou para a mamãe esta semana?”
Como posso lidar melhor com esta situação?
Quanto maior o afeto e cumplicidade demonstrados por pais/avós durante a vida, mais natural torna-se o processo do cuidar pelos filhos/netos. Este é o ponto onde desenvolve-se um problema. Muitos filhos não tiveram pais afetivos e/ou presentes originando grandes atritos, a sensação de fazer por quem não fez, ou pelo menos não fez dentro dos padrões de “comercial de margarina”. O importante, nesta situação é pensar: “faça seu melhor e não pense em termos de vou dar o que recebi”. Empenhe-se em fazer tudo que não te deixará com sentimento de culpa quando o idoso não estiver mais aqui, pois não existe nada mais destrutivo do que o sentimento de culpa por uma relação mal resolvida. No fundo, somos todos “vítimas” de um círculo vicioso; não damos porque não tivemos. É importante tentarmos quebrar este ciclo e buscarmos um círculo virtuoso.
Qual o grande desafio?
Não estamos cuidados de bebês, com suas gracinhas, que sabemos que em breve saberão controlar suas necessidades, comerão sozinhos, etc. O idoso é exatamente ao contrário. Ele “desaprende”. A dificuldade deste desafio é a lembrança da nossa própria finitude.
É importante lembrar que, nessas circunstâncias, essa interação permite que ambas as partes tornem-se cúmplices, revisem relações, redesenhem e fortaleçam seus novos e velhos papéis, portanto é uma boa hora para também acertar algumas pendências emocionais.
Algumas dicas para ajudar o cuidador afetivo:
1- Não encare tudo sozinho. Peça ajuda! Aceite ajuda!
2- Cuide de você! Tire um tempo todos os dias para você. Controle seu cansaço para que não vire exaustão.
3- Procure apoio na sua comunidade. Existem vários grupos de apoio.
4- Não pense que você pode controlar tudo. Esse pensamento não é saudável e apenas o deixará isolado.
5- Seja realista e não negue o óbvio. Pessoas realistas administram melhor o fator surpresa.
6- Reconheça seu esforço e não se sinta culpado quando algo não sair do jeito que você gostaria.
7- E por fim, mas não menos importante: tenha uma vida, a sua vida! Seus projetos, seus amigos, seus amores. Se você concentra toda sua vida no cuidado do idoso, em algum momento vai se sentir consumido (a) e tenderá a culpar o idoso, mas ele não tem culpa se você não tem uma vida própria, concorda?
Magali Catelan é Psicóloga clínica formada há mais de 25 anos, sendo que os últimos anos residiu fora do Brasil, onde estudou a Logoterapia de Viktor Frankl, ainda pouco conhecida no Brasil mas que em conjunto com a Terapia Cognitiva Comportamental, mostra-se extremamente eficaz.
Fonte: Consulta do Bem
Imagem: Pinterest
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Sobre a autora deste blog:
Ane Caroline Janiro – Psicóloga clínica, idealizadora e editora do Psicologia Acessível.
CRP: 06/119556