Por: Cristiane Dias Salvadori
Atualmente, as dores da alma recebem diferentes nomes: síndrome do pânico, stress, depressão… No entanto, todas se referem à manifestação de uma dor, uma dor psíquica que tem expressão também no corpo, levando as pessoas a buscarem respostas para o seu sofrimento em diversas especialidades médicas.
Sabe-se que a depressão, ao lado da AIDS, é considerada a doença do século, é a “doença da moda”. Como explicar esse mal estar atual? Lanço algumas reflexões…
Os desencontros afetivos, o individualismo… as pessoas procuram fazer tudo sozinhas, até mesmo a produção de filhos é independente. Não há mais espaço para o diálogo, as comunicações e relações são virtuais e descartáveis, gerando uma grande solidão. Vivemos tempos de avanços inquestionáveis na Ciência e na Tecnologia, e de grandes fragilidades e desafios no terreno das relações humanas. Existe uma indiferença em relação ao outro, o celular é atendido em reuniões, cinema, não importando o incômodo dos demais, pois a presença destes não é percebida. Sendo assim, a solidão é cada vez mais presente no cotidiano da nossa cultura.
Uma solidão que busca ser preenchida pelo ter: o corpo perfeito, a roupa da moda, o carro do ano. A aparência passa ser mais importante que a essência, o ter, o parecer estão no lugar do ser. Vivemos na sociedade do espetáculo e do consumo, da busca por um prazer sem limites, onde tudo é possível. Consumo não só de bens materiais, mas também de drogas lícitas e ilícitas a fim de anestesiar a dor do vazio, de abolir a falta ou qualquer insatisfação que possa surgir.
Associado a isso, percebe-se uma grande competitividade e confusão de valor, há uma exigência da cultura para que cada pessoa dê o máximo de si, gerando um esgotamento e a busca por um ideal de uma felicidade impossível. As diferenças, os sofrimentos que fazem parte da vida não podem aparecer, até mesmos as marcas do tempo expressas no corpo precisam ser apagadas. O valor está associado a estas questões externas.
Sendo assim, a realidade atual é marcada pela volatilidade das relações, pela necessidade de satisfação imediata, pela supervalorização da exterioridade e pelo individualismo, constituindo-se este o solo fértil para o padecimento psíquico do homem contemporâneo.
Estes aspectos geram um sentimento de vazio e angústia que precisam ser escutados. A dor quer e precisa falar. A tarefa da psicoterapia psicanalítica é escutar o sofrimento de cada sujeito, auxiliando-o a colocar em palavras os seus sentimentos. Palavras estas que inauguram caminhos e permitem repensar a singularidade da sua história, para que possa buscar um sentido dentro de si mesmo, reinventando a vida, resgatando a sua essência.
Imagem: Pinterest
Colunista
Cristiane Dias Salvadori
CRP 07/10857
Psicóloga Clínica e Educacional
Especialista em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva
Contato:
(51)99914-3842
Email: cris.salvadori@yahoo.com.br
*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.
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A muito tempo venho falando isso, em ser e não em ter. Porém, hoje, todos falam sobre o assunto é poucos, muito poucos falam sobre a solução. E qual seria? Derrubar crenças passadas que foram se repetindo através das religiões que também o essencial é ter e, sim priorizar a origem que é o amor. Com amor tudo é possível!
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Quando relembro minha mocidade e avalio a importância de viver as fases e estruturar o SER para tornarmos adultos capazes de gerar afetos e até construir o TER.
Hoje nao se fala de afeto , meninas aos 5,6 anos , as vezes ate mais cedo , se olham no espelho e nao conseguem se “ve”. Estao emprenganadas do que é volúvel e nao sao preparadas para SER(existir) e ficam vazias peraficando buscando o TER para poder SER .
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