Por: Maria Fernanda Medina Guido
Fazia dias que estava convivendo com um resfriado chato e uma dor de garganta irritante que iam e voltavam, mas não me deixavam em paz. A temperatura estava oscilando bastante, era outono. Minha alimentação nem sempre é das melhores e sei que tudo isso somados representam uma parcela de culpa nesse estado constante de enfermidade que eu estava vivendo. Porém, tem outra coisa chamada, somatização e ela sim, a meu ver, teve grande parcela de responsabilidade por tudo que estava passando.
Somatização são manifestações orgânicas que podem ser provocadas ou cujos sintomas podem ser agravados por problemas mentais ou emocionais. É um processo no qual a pessoa “transfere” para o organismo a carga emocional decorrente de algum problema que está vivendo. Todos nós fazemos isso num grau maior ou menor, elas atingem cerca de um terço da população mundial, e se dão por não sabermos lidar com uma situação, por não sabermos expressar nossas emoções e externalizar nossos conflitos de forma adequada. Assim, acabamos armazenando as tensões em nosso próprio corpo.
As doenças psicossomáticas (somatos, em grego, significa corpo) surgem em momentos de muita ansiedade, estresse e frustração. A somatização é comum em pessoas mais fechadas, que não costumam extravasar o que sentem, guardando para si sentimentos como dor, rancor e mágoa. Assim, a tensão causada por elas se acumula e uma hora “explode”, causando manifestações no organismo. Podem aparecer doenças como síndrome do pânico, gastrite nervosa, asma, úlcera, artrite e problemas dermatológicos ou sexuais.
Qualquer pessoa pode somatizar, mas existem aquelas que podem ser consideradas “somatizadoras típicas”, que sofrem com o problema com bastante frequência. Há indícios de que os sintomas são a forma de se chamar atenção dos que estão a sua volta, ou seja, a doença, por pior que sejam seus sintomas, traria um benefício secundário à pessoa: carinho. Para essas pessoas, além de um médico de confiança que possa mostrar que seus sintomas físicos têm origem psicológica e não orgânica, o mais indicado é a psicoterapia, pois elas precisam trabalhar melhor suas emoções.
Mas voltando ao ponto inicial, eu rs, com muitos dias de gripe entre idas e vindas, hoje sei como e porque ela começou e, sim, tem muito a ver com o fato de não ter sabido lidar com uma situação, ou pelo menos por não ter lidado de forma a aliviar minhas tensões. Vivi um fato muito conflitante cinco dias antes dos sintomas começarem e naquele momento, na verdade tinha duas escolhas: agir de acordo com o que era politicamente correto e esperado ou “chutar o pau da barraca” falando em português claro. Escolhi o politicamente correto, agi com a educação e classe e ganhei uma dor de garganta que me impediu de falar durante pelo menos uns quatro períodos nesses dias. A somatização aconteceu porque preferi me calar num momento em que meu cérebro julgava que eu deveria falar, mas se agravou porque não fiz nada para resolver essa situação. Aí vai a minha dica: se você não puder falar o que deveria, porque não pode ou não quer perder o marido, emprego, a melhor amiga, ser preso, processado etc ou só porque não pegaria bem tamanha grosseria, dê um jeito de colocar para fora o que está sentindo antes que isso se transforme em sintoma. Vá fazer uma caminhada, correr, dê uns berros sozinho dentro do carro, soque uma almofada, escreva uma carta para a pessoa que deveria lê-la mesmo que você nunca vá enviá-la. Faça alguma coisa para aliviar essa tensão e de preferência, logo que a situação ocorrer. Não deixe seu corpo transformar esse sentimento ruim em dor física. E por último, tente não demorar para pensar sobre seus sintomas e se houve alguma origem emocional. Eles podem ter te atrapalhado por muitos e muitos dias até você colocá-lo para fora.
Imagem: Pinterest
Colunista:
Maria Fernanda Medina Guido
Psicóloga – CRP 06/96825
Psicóloga formada pela Universidade Metodista de Piracicaba em 2006, especializada em Gestão de Pessoas pelo IBMEC, com mais de 10 anos de experiência em Recursos Humanos, atendendo individualmente adultos na abordagem Gestalt Terapia nas mais diversas queixas, desde 2012 em clínica particular e convênios.
Contatos:
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