Por: Camila M. Fernandes
Hoje quero encerrar a série de Transtornos Associados à Infância. Sei que citei apenas alguns. Caso tenham interesse em outros temas, entrem em contato. Encerrarei hoje falando sobre Autismo.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido como um transtorno do desenvolvimento, com surgimento na infância. Tem como característica, um importante atraso na aquisição da linguagem e na interação social. Apresenta interesses bem restritos e comportamento estereotipado ou repetitivo.
Antes de mais nada, vale a pena ressaltar a importância de um diagnóstico precoce. O autismo não tem forma física, não aparece sinais na pele, nem em exames de imagens ou de sangue, ele é diagnosticado através da observação do comportamento da criança. É necessária uma boa entrevista com os pais e/ou cuidadores, podendo incluir até fotos ou vídeos, já que muitas vezes apenas na entrevista, sem imagens, as informações podem ser frágeis. Coletar informações da escola, de professores, e também ter o maior número de dados da história familiar é muito importante.
Vocês sabiam que há estudos mostrando que pais acima de 40 anos tem um risco maior de ter filhos com TEA? Também é importante investigar as condições do parto, peso do nascimento e complicações vindas do momento do parto. São dados importantes e que podem dar muitos sinais.
Citarei alguns pontos a se observar para entender os marcos de desenvolvimento considerado “normais”:
- Do nascimento até os 6 meses o bebê gradativamente demonstra interação. Vira a cabeça na direção das pessoas que o chamam ou respondem manifestações de afeto. Bebês com TEA podem não reagir a chamados, demonstram poucas respostas afetivas.
- Dos 7 aos 12 meses o bebê tem referência social, inicia palavras simples. O bebê com TEA precisa de mais estímulos para atender a um chamado, não gosta do toque social, não apresenta sorriso facilmente.
- De 13 a 14 meses a criança tem boa comunicação (compatível com a idade), começa a fazer brincadeiras imaginativas. A criança com TEA não tem funções pré linguísticas, como por exemplo apontar para algo, tem falta de empatia e não faz brincadeiras imaginativas.
Outros indícios para procurar um especialista são:
– se a criança não balbuciar atá cerca de 12 meses;
– se a criança não gesticular até cerca de 12 meses (não aponta, não abana);
– se a criança apresenta ausência de palavras com significado até cerca de 16 meses;
– se a criança não consegue criar frases de duas palavras espontaneamente aos 24 meses;
– se a criança sofre perda de linguagem ou de habilidades sociais em qualquer idade.
O tratamento para crianças com TEA é multidisciplinar, só assim poderá ter uma boa evolução. Inclui-se no tratamento: fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, terapia psicológica, entre outros.
O diagnóstico e a intervenção precoce costumam resultar em ganhos significativos e duradouros. Mas é preciso observar, pois geralmente o TEA vem com algumas comorbidades, o que pode piorar ou atrasar o prognóstico. Entre as comorbidades que podem aparecer estão: o TDAH, ansiedade, Transtorno Obsessivo Compulsivo, tiques e síndrome de Tourette, distúrbio de humor, distúrbio do sono entre outros.
Fiquem atentos aos sinais e procurem ajuda como o pediatra ou neuropediatra, para que o mesmo oriente sobre os especialistas necessários para o acompanhamento.
Referências:
ROTTA, N.T; OHLWEILER, L; RIESGO, R.D. Transtornos da Aprendizagem – Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. 2ª Ed. Porto Alegre, 2016.
Imagem capa: Pinterest
Colunista:
Camila M. Fernandes
CRP: 06/109118
Psicóloga Clínica. Formada pela Universidade São Judas Tadeu.
Aprimoramento Clínico na Abordagem Cognitiva pela Universidade São Judas Tadeu.
Atendimento no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo-SP
Contatos:
E-mail: psico.camilamartins@gmail.com
Facebook.com/psicocamilafernandes
*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.
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