Por: Amanda Santos de Oliveira
Chegou o momento de procurar um psicólogo e você está pronto para isso. Você liga para diversos profissionais e alguns deles logo de cara se identificam em uma abordagem teórica. Mas a maioria das pessoas não sabe muito bem o que isso significa ou qual é o melhor caminho para solucionar o seu problema. Aí surge um monte de dúvidas e preconceitos referentes às diversas técnicas de trabalho. Mas, afinal o que são essas abordagens?
Um psicólogo é formado nas diversas abordagens e pode escolher se aprofundar e usar da técnica que possuir maior identificação. As abordagens, portanto, são formas de encarar e intervir na realidade psíquica do ser humano. Quem estuda Psicologia logo vai se deparar com vertentes teóricas diferentes e formas de ver o nosso objetivo de estudo que se diferem uma das outras. Falarei a seguir, algumas das principais técnicas encontradas atualmente:
Abordagem Psicanalítica
A abordagem psicanalítica é aquela que fundamenta suas técnicas nos principais autores da psicanálise, sendo eles os conhecidos Sigmund Freud, Carl Jung ou Jacques Lacan e alguns outros menos conhecidos pelo público em geral, como Melanie Klein, Wilfred Bion, dentre outros.
Para estes autores e para a visão psicanalítica, segundo apresenta Côrrea (2009)[1], o sujeito da psicanálise aparece na representação de uma pulsão que está ligada as representações do nosso psiquismo. Portanto, o sujeito surge no lugar que o real consegue ser representado no campo simbólico. Para melhor exemplificar, segundo Côrrea (2009), a teoria aborda um sujeito do nosso inconsciente, este que está em constante transformação de algo do real pulsional a algo que venha constituir o campo simbólico.
Portanto, a terapia fundamentada em tal abordagem tratará não só as questões reais que envolvem a vida do sujeito, mas suas representações simbólicas a respeito de sua vida e relações. O objetivo é intervir no sentido de trazer à luz mecanismos simbólicos construídos ao longo da vida e trabalhar nos ciclos vividos pelo sujeito a fim de se ter um maior controle de suas decisões e visão de mundo.
Abordagem Cognitiva-Comportamental (TCC)
Já nesta abordagem, os principais autores que participam de sua base teórica são Albert Bandura e Aaron Temkin Beck. Este modelo, segundo Pereira e Penido (2010)[2], consiste em uma abordagem diretiva, objetiva, focada no aqui-agora, de tempo limitado e baseada em método cientifico.
Dessa forma, ainda segundo as autoras, a terapia cognitivo-comportamental adota um modelo biopsicossocial considerando a influência de fatores psicológicos, ambientais, biológicos e sociais para o entendimento do comportamento humano.
Portanto, neste caso, o foco será o comportamento humano, sejam aqueles externos (que podemos ver) ou internos (como nossos pensamentos, por exemplo). A terapia tem como foco intervir em comportamentos a fim de garantir maior funcionalidade dos mesmos, aumentando assim a qualidade de vida.
Abordagem Existencial-Humanista
Tal abordagem é baseada nos autores Soren Kierkegaard, Wiliam James, Edmund Husserl, Jean-Paul Sartre dentre outros. Segundo Teixeira (2006)[3] a abordagem conceitua a capacidade do indivíduo no processo de mudança e na finalidade de intervenção, além de enfatizar as dimensões históricas e a responsabilidade individual na construção do seu mundo.
Portanto, conhecida como uma abordagem centrada na pessoa, seus objetivos estão na vivência e na existência de cada um, tendo em vista dimensões atuais e históricas, a fim de promover crescimento e autonomia. Dessa forma, segundo Teixeira (2006), a psicoterapia que tem por base tal técnica trabalha com a capacidade de mudança a partir da concretização das potencialidades e a responsabilidade da liberdade de escolha.
Logo, em tal abordagem, o trabalho estará centrado no sujeito, em suas possibilidades de escolha e no seu poder de decisão. A abordagem trabalha com cada sujeito, tentando sempre enfatizar as possibilidades e potencialidades que cada um possui.
Como escolher?
Essas são apenas algumas das técnicas encontradas por aí, mas, existem várias outras como as abordagens fenomenológicas, transpessoais, comportamentais, etc. No entanto, na hora da escolha tenha em mente que as técnicas são muito mais ligadas a identificação do profissional do que em sua efetividade propriamente dita. Todas as formas de trabalho são eficazes, a diferença é que verão você e seus problemas sob âmbitos diferentes.
Existem muitos preconceitos por aí, mas a verdade é que todas as teorias prezam pelo respeito ao ser humano e pela sua evolução, mesmo que as formas de buscar tal evolução sejam diferentes. Cada abordagem tem seu limite quando o assunto é entender e intervir no ser humano, afinal, essa tarefa não é nada fácil e nos apresenta todos os dias novos desafios. Portanto, procure um profissional responsável, atento às suas bases teóricas e possibilidades técnicas. Dessa forma, tenho certeza que você estará em boas mãos.
Referências:
[1] CORREA, Carlos Pinto. O homem contra o sujeito. Estud. psicanal., Belo Horizonte , n. 32, p. 31-38, nov. 2009 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372009000100004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 17 mar. 2017.
[2] PEREIRA, Fernanda Martins; PENIDO, Maria Amélia. Aplicabilidade teórico-prática da teoria cognitivo comportamental na Psicologia Hospitalar. In: Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 2010 v. 6 n2. Disponível em: <http://www.rbtc.org.br/detalhe_artigo.asp?id=117>. Acesso em 17 de março de 2017.
[3] TEIXEIRA, José A. Carvalho. Introdução à psicoterapia existencial. In: Análise Psicológica (2006), 3 (XXIV): 289-309. Disponível em: <http://publicacoes.ispa.pt/publicacoes/index.php/ap/article/view/169/pdf> . Acesso em 17 de março de 2017.
Imagem capa: Pinterest
Colunista:
Amanda Santos de Oliveira
CRP 04/43829
Psicóloga Graduada pela PUC Minas, atuante na área clínica em Belo Horizonte, oferecendo psicoterapia individual para adultos
Contatos:
psi.amandaoliveira@gmail.com
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