Por: Aryelle Patricia da Silva
Independente da área de atuação do psicólogo, existem ferramentas que são essenciais para o exercício de sua profissão.
Arantes (2012), desenvolveu uma breve contextualização histórica da escuta, que foi se moldando ao contexto, de acordo com as noções que foram sendo adotadas à essa prática. Durante o século XVIII, as formas de saber foram se fragmentando em ciências que acabaram por delimitar os diversos conhecimentos a áreas específicas, o que tornou cada campo detentor de uma forma de fazer sua ciência utilizando de diversos métodos para este fim. Um desses métodos utilizados era a escuta. A partir desse momento histórico, ela foi se caracterizando como um conjunto de regras das quais os especialistas deveriam seguir, fazendo dela, algo não mais de domínio do homem, mas de domínio da ciência, nas diversas formas de fazê-la.
Este elemento se mostra como importante à prática psicológica, na medida que, para que se alcance uma efetivação da intervenção, é necessário o passo da escuta durante todo o processo. Arantes (2010, p. 94) ainda diz que para escutar é preciso “uma economia dos gestos e palavras, um silêncio ativo e um certo recolhimento”, evidenciando a postura de acolhimento por parte do psicólogo para com as reais necessidades do outro.
Desta escuta deriva-se a análise para as intervenções necessárias. Fazendo deste instrumento não só uma forma de leitura das falas, mas dos comportamentos, do local de onde partem as demandas e de todos os elementos que estão à sua volta.
Percebe-se, então, que esta escuta deve estar bem articulada com a forma que se lê tais fenômenos, fazendo com que essa prática seja um exercício, além de necessário, constante. Fazendo também com que desta escuta não derive apenas análises sem sentidos, ou um conjunto de regras que impeçam a leitura humana das situações, não retirando a importância desse conjunto de conhecimento que se construiu e se tornou necessário à prática do psicólogo.
Portanto o psicólogo, diante de uma intervenção, deve utilizar deste elemento de modo que ela se efetive a partir das necessidades ocorrentes no momento. Esta ferramenta pode permiti-lo reconhecer as singularidades do outro em sua atuação, bem como o dever de lutar contra o estabelecimento de visões fixadas ao outro, o outro humano, tornando constante a luta contra a normatização dos seres. Além de permitir a constante reflexão do profissional sobre si mesmo diante desta prática que é única em cada situação, em cada contexto, em cada um.
Referência:
ARANTES, Esther M. M. Escutar. In: FONSECA, Tânia M. G.; NASCIMENTO, Ma Lívia do; MARASCHINI, Cleci (orgs.) Pesquisar na diferença: um abecedário. Porto Alegre: Sulina, 2012, p. 91-94
Imagem capa: Pinterest
Aryelle Patricia da Silva
Graduanda em Psicologia
Universidade Federal de Pernambuco
Contato:
Email: patriciaaryelle@gmail.com
*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.
Gostou deste conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!
Cadastre-se também na opção “Seguir Psicologia Acessível”e receba os posts em seu e-mail!