Por: Jackeline Leal
“É simples e complicado assim: se desejamos uma experiência integral de amor e pertencimento, devemos acreditar que somos merecedores de amor e pertencimento”.
Brené Brown
Vivemos em um mundo bastante complexo e circundado por paradoxos imensuráveis. A cada dia que passa, somos convidados a repensar nossas práticas, pois o novo se torna em questão de dias ou minutos, obsoleto, velho.
A tecnologia tem uma parcela de responsabilidade nisso tudo.
Mas quando falamos em paradoxos é preciso ir além, estamos falando da dificuldade de estabelecer parâmetros coletivos do que é certo ou errado, aceitável ou inaceitável, digno de pena ou de raiva. Estamos falando de termos perdido, enquanto sociedade, as rédeas da situação e estarmos vivendo em um eterno campo de batalha.
Em meio ao caos, nos conectamos (via internet) e nos desconectamos (das relações sociais), das pessoas. Acreditamos piamente que somos autossuficientes e não sei bem ao certo, acreditamos que é possível “conseguir sozinho”. Como cita Brené Brown no livro “A Arte da imperfeição, p. 43”: “é como se tivéssemos dividido o mundo – entre aqueles que oferecem ajuda e – aqueles que precisam de ajuda”.
Estamos aos poucos construindo alternativas, das quais eu costumo chamar de muros, para que seja possível levar a vida. Estes muros nos colocam em constante estado de defesa/alerta, onde estar atento o tempo todo é a única saída para eliminar a chance de um ataque que venha do outro lado do muro.
O pior, e que acredito que não estamos nos dando conta de perceber, é que quem está do outro lado do muro são pessoas como nós, que também estão trabalhando para construírem os seus próprios muros.
Talvez estejamos vivendo num mundo onde tem nos faltado um pouco mais de compaixão. É muito paralisador ver as pessoas se sentindo obrigadas a construir muros por acreditarem que não é correto pedir ajuda quando se precisa dela.
Nós aceitamos a dura fantasia de que somos suficientes em nós mesmos e isso faz o ser humano viver eternamente no mito do “Super Herói”, do humano invencível.
Estereótipos como este se não forem descaracterizados, vão sendo reforçado no nosso dia a dia.
As crianças vão vendo isso na escola, os adolescentes nos grupos de amizades, os adultos nas empresas e por aí vai. Ninguém para você para dizer que chega com tudo isso e que pedir ajuda não é tão ruim assim.
Esse assunto me remete a um exemplo pessoal que é o fato de eu ter saído da casa dos meus pais aos 17 anos para “estudar na capital”. Até os meus 27 anos eu dividi apartamento com parentes e amigos e nos últimos três anos desta trajetória, eu vivi sozinha.
E aos poucos, eu fui me dando conta que quanto mais tempo eu vivia sozinha, mais eu me sentia como um “Super Herói”, mais eu me sentia autossuficiente e independente. Acredito que nesta época eu confundia independência com autenticidade e felicidade. Não foram tempos ruins, muito pelo contrário, foram tempos necessários.
Certo dia, eu acordei e resolvi comprar um cachorro. Parece piada, mas ele mudou a minha relação com o cuidar e o precisar de ajuda. Ainda assim, estou em constante processo de aprendizagem e atualmente meu maior professor tem sido o meu esposo.
Você possivelmente deve entender sobre o que eu quero dizer, quando como eu, se dá conta de que carregou todas as sacolas de compras do carro sozinha e que isso resultou em um mau jeito na coluna.
Eu tenho amigas “Super Mulheres” que nem água em bar aceitam que paguem para elas. Estes são exemplos muito simples, certamente você tem mais ai com você! Não tem?
Bem, mas sabe, na verdade, quando você está vivendo este tipo de situação que te leva a se fantasiar de “Super Herói”, onde ninguém pode na verdade saber a sua identidade isso se torna um tanto contraditório, afinal de contas, se você pensar bem, tudo que você gostaria mesmo era de receber um pouco de reconhecimento e até de afeto.
Esse reconhecimento, eu chamo de necessidade de amor e pertencimento. Uma necessidade inata ao ser humano de ser aceito, com todos os seus defeitos, fragilidades, ansiedades e qualidades, ou seja, como você realmente é.
E a fórmula de sucesso está em primeiro você se aceitar como você realmente é. Não deixar para amanhã o sentimento de plenitude que você poderia ter vivido hoje.
E segundo, mas não menos importante, acreditar que todos nós somos merecedores de amor e pertencimento.
Pense nisso!
Imagem capa: Link
Jackeline Leal
CRP 16/1585
Psicóloga Clínica, Pós Graduanda em Psicodrama pelo IDH/RS,
Formada pela FAESA/ES, atende em Vitória/ES.
Jackeline também é Coach de Carreira e Negócios e conta com
mais de 10 anos de experiência em desenvolvimento de pessoas.
Contatos:
E-mail: contato@jackelineleal.com.br
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