Por: Tatiana Mendes Rocha
Estamos vivendo a fase do agora. É necessário ter tudo em um curto prazo de tempo. Aquela questão de que precisamos sair da escola aos 17, entrar na faculdade aos 18, fazer o curso “dos sonhos”, estudar muito, formar e ganhar muito dinheiro. Tudo isso, na fase dos 20.
Nessa perspectiva, percebemos os jovens batalhando cada vez mais por uma vaga em faculdades públicas, o que exige muito estudo e muitas vezes o comprometimento da saúde mental. São noites sem dormir, aulas em demasia, falta de descanso, alimentação inadequada, e muitas vezes a utilização de medicamentos para melhorar o desempenho. Pesquisas indicam estresse, ansiedade e depressão em alunos em período de vestibular e escolha profissional.
A saída do ensino médio para ingressar no vestibular gera angústia e sofrimento, pois muitos não conseguem ingressar de imediato, o que leva a se dedicar ao pré-vestibular para tentar noutro momento. Nesse momento também está envolvida a questão da escolha profissional e a mesma se torna multifatorial. De acordo com Pelisoli (2008), o jovem é influenciado por aspectos políticos, econômicos, sociais, educacionais, familiares e psicológicos.
A pressão psicológica de cursar uma faculdade é intensa, e exerce uma sobrecarga excessiva sobre a vida do estudante. Segundo Paggiaro (2009), esta transição exerce grande influência e na maioria das vezes está acompanhada pelo medo do fracasso ou das consequências de escolhas mal feitas quanto à futura profissão. São muitas as causas de desconforto do aluno, uma delas é o período que antecede o vestibular, a pressão para o sucesso (principalmente vinda dos familiares).
O fato dos jovens não terem acompanhamento psicológico e não possuírem um mecanismo para lidar com as dificuldades e incertezas pode desencadear uma série de psicopatologias, incluindo a depressão. O processo atual de inserção à faculdade é altamente competitivo e desgastante, gerando insegurança aos candidatos e todo desgaste físico e emocional que o acompanha. Acredito que o preparo emocional e psicológico deve ser realizado desde a escola, fazendo com que o jovem acredite em suas capacidades e ofereça recursos para ajudar na sua escolha profissional – como orientação profissional liderada por psicólogos. Esse acompanhamento também pode ser realizado como forma de encorajamento para lidar com vitórias e fracassos que estão inseridos nesse processo.
Levando em conta o que já foi apresentado, entende-se essa fase do pré-vestibular deve ser algo saudável para o estudante, como também a sua escolha profissional que deve ser voltada para o que lhe dá prazer e segurança na atuação profissional.
Referências:
RODRIGUES, Daniel Guzinski; PELISOLI, Cátula. Ansiedade em vestibulandos: um estudo exploratório. Rio Grande do Sul, 2008.
CALAIS, Sandra Leal; PAGGIARO, Patricia Soares. Estresse e escolha profi ssional: um difícil problema para alunos de curso pré-vestibular. Contextos Clinicos. São Paulo, 2009.
Imagem capa: Pexels
Tatiana Mendes Rocha
CRP 03/12609
Psicóloga, especializanda em Terapia Cognitivo-Comportamental.
Formada pela Faculdade Castro Alves,
especializanda pelo Centro Universitário Amparense.
Atende em Salvador/Bahia.
Contatos:
tatianamendesr@gmail.com
Instagram: @psitatiana
*Ao reproduzir este conteúdo, não se esqueça de citar as fontes.
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Muito bom o texto ,parabéns ! Vc relata na íntegra todo sofrimento e angústia q as pessoas passam nesse período, e q não é bem assistido
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Nota 10.
Realidade da maioria dos jovens.
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Mto bom parabéns.
A familia tem q apoiar tanto no sucesso como no fracasso.
Pq este segundo serve de aprendizado.
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Engraçado que ontem mesmo conversei com minha filha de 17 anos sobre isso. Pedi pra ela ler e gostou muiot. Parabéns
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muito bom esse texto. Nunca tinha pensado nessas questões sobre o vestibular. É um momento tenso para a maioria dos vestibulandos. Eu graças a Deus não tive essa pressão, porque meus pais nem pensavam que eu iria prestar vestibular, eu que tomei a iniciativa e quis fazer essa prova. Passei na segunda tentativa de uma forma saudável, e sem pressão. Porém, para irmãos não tiveram a mesma sorte, todos eles fizeram faculdade, mas tiveram muito mais pressão, até porque eu tinha passado em duas tentativas, então meus pais colocaram na cabeça que eles tinham que passar também da segunda vez. Eu fiz letras, meu irmão agora é biólogo, e minha irmã é chefe de cozinha, fez nutrição. Mas para eles foi bem mais estressante. enquanto para mim foi tranquilo. Parabéns pelo texto.
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Muito obrigada por compartilhar a sua experiência, Eduardo! É muito comum, infelizmente, essa pressão.
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Esse texto que gostei muito me ajudou a entender algumas situações onde os vestibulandos sofrem muito de pressão principalmente vinda das famílias. Assim que pensei e refleti quanto a esse assunto, existe um filho surdo na família onde seus outros filhos ouvintes ingressam nas faculdades, e esse filho que tem algumas dificuldades nas compreensão dos significados de português, porque tem a língua de sinais como Libras (primeira língua) e portuguesa (segunda língua). Acredito que ele já sofreria com pressão tão pesada, mais do que os outros, vinda dos mesmos pais. E outra coisa é que os vestibulandos já sofreram muito de SPA, que é o Síndrome de Pensamento Acelerado, o que gera angustia, depressão e outros sentimentos negativos. E mas os pais devem respeitar a própria decisão e o tempo de filhos que querem fazer vestibular para a faculdade. Parabéns!!!
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